1ª FESTA DO PEÃO DE GAROPABA - MAIS UM MALDITO RODEIO COUNTRY

Entre os dias 13 e 16 de setembro, no Campo D’una, estava prevista e anunciada na mídia impressa local, a realização de uma abominável “festa do peão” – um rodeio country. Um evento, em que milhares “seres racionais” se reuniriam para se divertir à custa do sofrimento de animais, demonstrando puramente sua crueldade, egoísmo e indiferença além de uma suposta superioridade sobre os animais torturados.

Ao longo de toda história da civilização, é de conhecimento público que o sofrimento, a dor e a morte do próximo ou de animais sempre provocaram a curiosidade e o divertimento de uma parte da população que obtém prazer e satisfação no sofrimento alheio (sadismo). No “rodeio country”, pseudocultura importada dos Estados Unidos que nada de positivo acrescenta aos brasileiros, os animais são expostos a constantes maus tratos que lhes ocasiona danos a sua integridade física e psicológica. Atualmente no Brasil este espetáculo hediondo já está proibido em dezenas de municípios, de norte a sul, em diferentes Estados. A tendência é que estas proibições se estendam por mais cidades, proporcionando um refinamento moral da sociedade.

Tendo isto em vista, na última quinta-feira (06/09/2012) a Associação Protetora dos Animais de Garopaba – APAG, a Associação Comunitária Amigos do Meio Ambiente para a Ecologia, o Desenvolvimento e o Turismo Sustentáveis de Garopaba – AMA e o Ministério Público ingressaram com uma Ação Civil Pública para proibir a realização do rodeio country ou provas similares que ocorreriam na 1ª Festa do Peão de Garopaba. Até o momento, o rodeio está suspenso. Acompanhe o processo em http://esaj.tjsc.jus.br/cpo/pg/search.do?paginaConsulta=1&localPesquisa.cdLocal=167&cbPesquisa=NUMPROC&tipoNuProcesso=SAJ&numeroDigitoAnoUnificado=&foroNumeroUnificado=&dePesquisaNuUnificado=&dePesquisa=167120019260&pbEnviar=Pesquisar. Este blog parabeniza a AMA, a APAG e o Ministério Público por esta belíssima iniciativa. A sociedade garopabense tem mais uma dívida de gratidão com estas entidades. A defesa de um mundo mais justo e de um modelo de desenvolvimento sustentável passa obrigatoriamente pela proteção do meio ambiente e bem estar animal.

Além de toda a barbaridade que o rodeio traz em si, há ainda algo admirável e inadmissível nesta história: o apoio dado pela PREFEITURA MUNICIPAL DE GAROPABA a este evento. Como pode um órgão público afiançar uma “festa” desta natureza, em que se promove abertamente a “cultura do sofrimento”, onde se busca em proveito da “diversão” de uns submeter e degradar outros seres? Existem outras prioridades, principalmente no campo ambiental que a prefeitura DEVERIA emprestar seu nome e EMPREENDER AÇÕES EFETIVAS. Algumas ações seriam muito bem vindas, como por exemplo:

- preservar as áreas de banhados e a orla marítima do município,

- revitalizar a Lagoa das Capivaras,

- implementar coleta seletiva de lixo em todas as comunidades,

- ofertar e incentivar o uso de transportes coletivos eficientes ou alternativos,

- rejeitar a verticalização, respeitando o plano diretor municipal,

- construir praças, áreas verdes e áreas desportivas nos diferentes bairros,

- implementar o saneamento básico,

- respeitar e proporcionar tratamento digno aos animais de rua.

Os organizadores do rodeio deveriam promover seu evento sem animais, apenas com as atrações musicais (incluindo artistas da cena local). E, ao invés de sortear no dia 16/09 um “fusca cheio de cerveja”, dariam um grande exemplo de cidadania sorteando bicicletas elétricas e distribuindo mudas de árvores nativas da mata atlântica. Com certeza, seria muito mais proveitoso para o meio ambiente. Deste modo, o apoio da prefeitura se justificaria e poderia ser oferecido com algum lastro de honradez.

É muito importante sensibilizar os cidadãos garopabenses, sejam crianças, jovens ou adultos, sobre o valor se de apoiar eventos que impulsionem o respeito pela flora e fauna, e não eventos que desrespeitem seus direitos. Mesmo que se tenha uma cultura de maus tratos a animais e de agressão ao meio ambiente, ela pode e deve ser alterada. O que está errado pode e deve ser modificado em prol de um mundo melhor para todos. Seguimos aplaudindo e apoiando aqueles que virtuosamente gritam e protestam em favor daqueles que não o podem fazer. Novamente, deixamos aqui registrado nossos agradecimentos ao Ministério Público, AMA e APAG.

E para os que insistem em defender este tipo de atividade covarde, vale a pena conferir a Lei de Crimes Ambientais – 9615/98, sancionada dia 12/02/1998, pelo então presidente da República Fernando Henrique Cardoso.

Capítulo V - Dos Crimes Contra o Meio Ambiente

Seção I - Dos Crimes contra a Fauna

Art. 32º

Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos:

Pena: detenção, de três meses a um ano, e multa.

§ 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos. 

§ 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal.

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